A pessoa que não lê, mal fala, mal ouve, mal vê. (Malba Tahan)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ganga Bruta - Humberto Mauro

Ganga bruta. 75 min.
O Roteiro, a Montagem e a Direção são de Humberto Mauro (que ale disso também é Câmera). O texto original foi escrito por Octávio Gabus Mendes.
O Filme é da Cinédia, do ano de 1933. Foi produzido por Adhemar Gonzaga.
Na fotografia, conta com Aphodísio P. de Castro (que também era câmera). Nas câmeras contam também com Paulo Morano e Edgar Brasil.

As músicas originais, a regência e a seleção musical são de nada mais nada menos que Radamés Gnatalli. A canção tema é de Heckel Tavares e Joracy Camargo, cantada por Jorge Fernandes e foram gravadas nos estúdios da RCA Victor sob a direção de Luis Seel e sincronização de Bichara Jorge. Destaque para as canções de Heckel Tavares, “Côco de Praia”, n. 1 e n. 2 e “Teus olhos...água parada”, esta última música tema do filme.

No elenco principal: Durval Bellini, Déa Selva, Décio Murilo, Lu Marival, Ivan Villar, Andréa Duarte, Carlos Eugênio, Alfredo Nunes, Francisco Bevilcqua, João Baldi, Ayres Cardoso, Renato de Oliveira, João Cardoso, Elsa Morena, Antonio Paes Gonçalves, Mário Moreno e Glória Marina.

O filme passou por diversas restaurações, mas principal ocorreu no Laboratório de imagem da Cinemateca Brasileira em 1987. Uma primeira reedição de imagem foi feita por Caio Scheiby em 1952 e outra pelo prórpio Humberto Mauro em 1961. Na equipe de restauração de imagem, João Sócrates em 1987. Na equipe de restauração de som, em 1972, Sylvia Bahiense. Na sincronização, Eduardo Leone, 1972. José Motta em 1987. Os letreiros por M.G. Tassara, em 1987. Os Estúdios de som foram a Eldorado em 1972 e a Álamo em 1987.

Como atores Coadjuvantes: Edson Chagas, Francisco Bevilacqua, Renato de Oliveira, Pery Ribas, João Cardoso, Elza Morena, Adhemar Gonzaga, Mario Moreno, Sergio Barreto Filho, Jorge Fernandes, Gloria Marina. Além do polivalente Humberto Mauro.

O filme inicia e finaliza com um casamento. Parece passar por várias possibilidades estéticas e influências. Ora usa legendas, bem ao estilo expressionista, ora usa da sonorização já disponível ao tempo de sua produção. Registra cenas cotidianas do Rio de Janeiro, como bondes e automóveis nas movimentadas ruas, bem como bucólicas cenas de praias, que remetem ao melhor do cinema Holywoodiano, quando Sônia está deitada nas areias da praia nos sonhos do engenheiro passional.

A riqueza das imagens da construção de um complexo industrial no interior reforçam o interesse documental de Humberto Mauro. Mas também a fina reflexão subjetiva, ao intercalar a força da industria com clímax sexual esperado e produzido ao longo da narrativa.

O argumento do filme é a passionalidade do ator principal, homem forte e destemido ao estilo John Ford. Logo no início, há a previsão de uma tragédia. O secretário do engenheiro bebe enquanto aguarda o desfecho de algo esperado. Ao saber da traição de sua noiva, o marido desfere tiros e mata a esposa. Marcos Rezende é absolvido e vai para o interior, Guaraíba, concluir uma grande obra. Lá encontra Sônia, moça bela e fútil que o envolve.

A vida da obra é retratada com detalhes, da operação de construção à vida nos bares dos operários. A presença do maestro Radamés inclui a música brasileira popular, na sua verve mais autêntica. Aparecem a valsa e o côco ricamente documentados pela missão de Pesquisas Folclóricas, nas pesquisas desenvolvidas pelos interiores do Brasil alguns anos mais tarde.

Glauber Rocha, em sua revisão do cinema brasileiro, considerava Ganga Bruta “ um clássico às avessas” , “um dos vinte melhores filmes de todos os tempos”.

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